O “tabu” da cirurgia de hemorroida. Será mesmo que o pós-cirúrgico é tão dolorido assim? E que a evacuação se torna um tormento nos primeiros dias? O que eu sempre digo é que não existe cirurgia sem dor na recuperação. Mas assim como diversas outras, a de hemorroida é tolerável e, em poucos dias, o paciente agradece por ter tomado esta decisão de cessar os incômodos que a hemorroida inchada causa e voltar a ter uma maior qualidade de vida.
Neste artigo, trago um depoimento real de uma paciente muito querida, que sofreu com crises de hemorroida em diversos períodos da vida, fez outros tratamentos até decidir pela cirurgia de hemorroida – que foi indicada para o seu caso. Como ela mesma disse: “Espero que o meu depoimento possa encorajar muitas pessoas. Não dá para viver com dor.”
“A primeira vez que eu tive uma crise de hemorroida foi no final da gravidez, muitos anos atrás. Foi uma crise não muito forte, que passou rápido e eu nem precisei usar medicamentos. Mas os anos foram passando e em 2015 eu tive novas crises de hemorroida e procurei tratamento com a Dra Hilma. Eu notei que, ao ir ao banheiro, mesmo tendo o funcionamento do intestino normal, a hemorroida sempre ficava irritada. Fiz o tratamento com medicamentos e pomada neste período. Mas em 2016, as crises pioraram. Foi então que eu fiz o procedimento de ligadura elástica da hemorroida. Em 24 horas a veia secou e eu fiquei bem até o princípio de 2022, quando eu fui diagnosticada também com a síndrome do intestino irritável.
A síndrome, além de diversos sintomas como gases e dores com distensão abdominais, também me trouxe um quadro de diarreias frequentes. Eu pensava que somente pessoas com prisão de ventre tinham mais propensão às crises de hemorroida, mas as diarreias, por serem mais ácidas também causam isso. E, devido a essa mudança do meu intestino, a hemorroida sempre voltada a inflamar. Foi então que comecei a pesquisar mais sobre a cirurgia de hemorroida. Mas as pessoas me desencorajavam, falavam que eu já estava sofrendo com a síndrome, que seria loucura sofrer também com a cirurgia de hemorroida. Como eu estava muito fragilizada com a síndrome e focada no tratamento para melhoria destes sintomas, fui deixando passar, mas era um sofrimento também, porque todas as vezes que eu evacuava, a hemorroida saía pra fora e, mesmo depois que ela desinchava, continuava latejando. E isso me causava muito incômodo, eu vivia a base de remédios para dor, me atrapalhava até no trabalho.
E eu fiquei ainda mais pensativa sobre isso, a síndrome já causa tanta perda da qualidade de vida, e as crises de hemorroida estavam só piorando isso. E o que eu achava mais grave de tudo isso era a hipótese de que eu tinha de ‘me acostumar com a dor’. Isso é uma loucura! Todo este incômodo me fez chegar à conclusão que nada seria pior do que conviver com essas crises. Marquei uma nova consulta e a Dra Hilma avaliou que a cirurgia seria mesmo o procedimento ideal. Mesmo ouvindo tantos casos de pós-cirúrgicos doloridos, eu encarei como uma solução para o meu caso. Eu sabia que poderia ter dor após a cirurgia, mas nada poderia se comparar à dor que eu senti durante dois anos. E nos últimos dias, essa dor se tornou quase insuportável, porque também tive uma fissura anal e isso causava uma ardência muito grande.
Então, no dia 14 de outubro de 2024, fiz a cirurgia de hemorroida. Após nove anos do início das crises e dois anos e meio de dor intensa após agravamento do meu caso. Quando a anestesia estava passando, eu já estava esperando uma dor inexplicável, mas que não aconteceu. É claro que fui medicada com remédio para dor mais forte ainda no hospital, mas no outro dia já recebi alta. Em casa, só precisei usar remédios à base de dipirona, e mesmo assim a partir do quarto dia, como senti um incômodo estomacal maior por causa dos remédios, eu só tomava o medicamento se a dor incomodasse um pouco mais. Mas nunca foi uma dor forte. Tive um pós-operatório tranquilo, segui os cuidados indicadas pela Dra Hilma, como a alimentação mais rica em fibras e a ingestão de muita água, que me ajudaram demais.
É claro que a primeira vez que fui ao banheiro senti um pouco de dor, mas nada comparado às histórias catastróficas que tinha ouvido falar. Existe também um incômodo causado por uma secreção que sai nos primeiros dias, que temos que ter maior cuidado para não causar assaduras. Mas depois de uma semana eu já estava muito bem, quase sem nenhuma dor. E após os primeiros 15 dias, a dor na evacuação também já tinha passado totalmente.
Como eu tenho a síndrome e o intestino com tendência a ser mais solto, não vou mentir que nos dias que vou ao banheiro três ou quatro vezes, sinto que o local fica um pouco mais irritado, mas nada parecido com o que sentia antes. Eu até comentei com a minha família e com o meu marido que fiquei emocionada, porque eu já não me lembrava mais o que era ir no banheiro sem dor. Não existe comparação: é melhor passar pelo ‘sofrimento’ do pós-operatório uma vez do que viver sem qualidade de vida, e ser obrigada e ‘se acostumar a viver’ com a dor.”